Aumento das vendas externas nos últimos seis anos garante preço e rentabilidade das lavouras
Ao quadruplicar o volume de exportação nos últimos seis anos, a produção de arroz gaúcha conseguiu estabilizar os preços e garantir rentabilidade aos produtores. Com o plantio da próxima safra em andamento e a confiança em bons resultados, o setor mira em novos parceiros comerciais para consolidar o produto no Exterior, reduzir a dependência do mercado interno e afastar o fantasma da “crise do arroz”.
Com a estimativa de colher mais de 8 milhões de toneladas nesta safra, mais de 65% da produção nacional, o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 90% das exportações brasileiras do cereal. A liderança gaúcha faz com que as vendas externas sejam fundamentais para escoar a produção e competir com o arroz vindo do Mercosul — que entra no país com preços mais baixos em razão de custos menores de produção.
— Alavancar as exportações é a nossa prioridade para nos firmarmos como um dos principais fornecedores mundiais de arroz, com qualidade — aponta Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz).
Para garantir os embarques, a entidade busca junto ao governo do Estado obras de melhoria e expansão do terminal portuário da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), em Rio Grande. Com capacidade estática (limite de carga que o espaço consegue armazenar ao mesmo tempo) para 50 mil toneladas, o armazém é usado quase exclusivamente para estocagem do cereal.
— O arroz, diferentemente da soja, precisa ser separado conforme a classificação e isso exige adequações nos armazéns. Precisamos baratear o processo de carregamento e garantir as janelas de exportação do produto — completa Dornelles.
Para a safra que se inicia, a expectativa é aumentar o volume de embarques em relação ao ciclo anterior — que fechou em 1,4 milhão de toneladas (veja gráfico). Embora inferior ao recorde exportado na safra 2011/2012, o volume é considerado positivo por ter sido alcançado sem a ajuda de programa de escoamento do governo federal.
Uma das apostas para expandir as vendas externas é uma consumidora de 6 milhões de toneladas por ano que produz apenas 1,3 milhão de toneladas, a Nigéria. Há um mês, uma comitiva brasileira esteve no país para firmar uma cooperação técnica comercial — que prevê a troca de conhecimento de produção por maior abertura do mercado nigeriano.
— Estamos falando de um país com mais de 170 milhões de consumidores — destaca o coordenador da Câmara Setorial do Arroz no Estado, César Marques Pereira.
Além das exportações, assinala Pereira, a rotação com a soja também tem contribuído para aumentar a rentabilidade das lavouras de arroz. O benefício se dá especialmente na venda das safras, quando o agricultor consegue segurar o produto para barganhar melhores preços.
As negociações internacionais do arroz fazem parte do Brazilian Rice, um programa de promoção do produto brasileiro e de treinamento das indústrias exportadoras. O trabalho envolve desde questões burocráticas e práticas até marketing e apresentação de produto.
— As indústrias estavam voltadas ao mercado interno. Com o Brazilian Rice, queremos expandir os compradores e resolver o problema histórico de oferta maior do que a procura — destaca Claudio Pereira, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), entidade que desenvolve o programa ao lado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).
Fonte: Zero Hora