O economista e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola (foto), considera que o cenário internacional, em 2015, é de uma melhora gradual. No entanto, percebe que as incertezas são diversas e é preciso conter o otimismo. “Existem algumas turbulências. As implicações vêm sendo sentidas pelo Brasil, principalmente pela depreciação da moeda brasileira e também pelas dificuldades por conta do déficit externo. Há um acúmulo de desequilíbrios nas principais economias, o que gera muita volatilidade nos mercados internacionais”, afirmou em palestra no 16º Seminário Econômico, promovido na segunda- feira (3/11) na PUC-RS, pela Fundação CEEE.
Loyola definiu o ano de 2014 como frustrante, já que a economia europeia não melhorou o suficiente, e China e Japão cresceram pouco. “Do lado positivo, tivemos uma recuperação mais forte dos Estados Unidos, ainda que as boas notícias vindas da economia real americana não tenham tido reflexo imediato no resto do mundo, por conta do processo de expansão monetária para que a economia ganhasse vigor após a crise de 2008”, explicou.
Dentre os diversos atores que serão decisivos para o cenário futuro, o que mais pode afetar a economia mundial é a China, que, para o especialista, foi determinante para o PIB global nos últimos anos. “Os países emergentes que puxavam a economia para cima devem inverter o processo e puxar para baixo. Agora vai se depender muito mais da economia americana do que em períodos anteriores”, sinalizou.
Ainda que a economia chinesa possa perder força, Loyola não vê perspectiva de que haja grande queda de preços de commodities agrícolas. “A China precisa de proteínas, seguirá precisando, é um processo que deve manter o ritmo de crescimento das commodities agrícolas. Já no caso dos preços das commodities metálicas, é possível que sofram uma queda”.
Para Loyola, o Brasil e os demais países emergentes vão crescer menos, ou mais, a depender das reformas que fizerem em suas políticas econômicas domésticas. A seguir, algumas das projeções de Loyola para 2015:
Dólar: A moeda norte-americana deve seguir se valorizando em todo o mundo. Com o real menos valorizado frente ao dólar, os exportadores brasileiros têm boas perspectivas de rentabilizar suas vendas externas. Mas as importações custarão mais caro, gerando pressão sobre a inflação.
Crescimento: A economia brasileira deve fechar 2014 com um crescimento pífio – de 0,3%. Para 2015, Loyola trabalha com previsão de expansão de até 1,2% do PIB.
China: País-chave para o crescimento econômico mundial, a China está desacelerando. Nas projeções do ex-presidente do Banco Central brasileiro, a China deve conseguir, em 2015, um crescimento de 6,9% – ante 7,3% de 2014.