Opinião
Gilberto Pilecco, produtor e economista
Quem lembra o ano de 2008, quando muitos orizicultores venderam sua produção alguns dias antes dos preços mudarem de patamares? Fizemos reclamações de nossas entidades representativas, também dos consultores de mercados tidos como formadores de opinião e também os agentes de mercado por não verbalizarem ou não saberem de tal situação?
Eu lembro e também errei! Sou produtor de arroz de origem (pais e avós). O arroz é minha identidade, tenho formação econômica, mas o que me agrega são os 56 anos de idade onde já acertei e errei muito na atividade. No entanto, entendo que os erros são as marcas dos que arriscam um pouco mais para fazer a diferença da evolução.
Deixando o “papo” de lado, resolvi acompanhar o mercado nacional e internacional para não “errar” tanto. O que trago são informações relevantes e de raciocínio lógico para os meus companheiros de lavoura.
De tudo, avalio que o mercado mundial do arroz está exposto a uma grande crise no desabastecimento, que pelas circunstâncias atuais deixará a crise de 2007 e 2008 “uma marolinha.” Vamos aos fatos:
– Primeiro: Em 2007/08 a China era autossuficiente e até propensa exportadora e hoje é o maior importador mundial.
– Segundo: A fúria do El Niño, segundo a NOAA (National Oceanicand Atmospheric Administration – EUA ) a tendência de ser maior que o de 1997 e está se intensificando desde junho de 2014 períodos anuais do início das chuvas de monções na Ásia.
– Terceiro:
But, that should not be a problem for the global market because Thailand has plenty of stocks to make up for the shortfall.PARA ONDE O MERCADOWhere is the market going?This all depends on the fury of El Niño.Os países que são os maiores players exportadores não poderão repetir o erro de 2007 quando trancaram suas exportações por segurança alimentar interna. Essa medida poderá ser tomada pela ÍndiaIf the drought is severe in large parts of South and Southeast Asia, it will put pressure on rice prices despite adequate global rice stocks right now. que hoje é o maior exportador e estará sob pressão se o plantio estiver em risco por causa das monções. “O país poderá restringir as exportações pelo menos para o arroz não basmati, para salvaguardar o seu fornecimento nacional de alimentos e manter o suficiente nos seus armazéns para atender a necessidade da Lei Nacional de Segurança Alimentar, Na Índia o acesso à alimentação é um direito não um privilégio,”segundo o Chefe da Divisão de Ciências Sociais do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz.
– Quarto: Os estoques mundiais previstos para 2016 são em torno de 90 milhões de toneladas, segundo consta no relatório de 12 de agosto de 2015 da Usda, considerando que poderá ser alterados, nesse período de junho a novembro, dependendo da intensificação maior ou menor das chuvas de monções em grande parte do sul e sudeste da Ásia. A gravidade da situação é que 50% desses estoques, estão na China, precisamos expurgá-los, porque não estarão disponíveis para o mercado internacional, somente 45,0 milhões de toneladas estarão disponíveis para as necessidades dos países importadores, que para 2016 será de “42,0 milhões de toneladas” segundo a USDA, essa conta por si praticamente zera os estoques. Se a Índia estiver sobre pressão de risco e não disponibilizará os 28 milhões de toneladas, com isto, serão deficitários os estoques e os países importadores entrarão em pânico, posição de grande risco para a Segurança Alimentar. É precavido lembrar que a Índia é segundo maior produtor e consumidor, fato óbvio da necessidade de terem estoques de segurança mantidos pelo governo.
Assim, a crise mundial do arroz está desenhada, não será surpresa se os preços passarem do patamar dos US$15,00 por saca. Cabe destacar que quando os fatos são verbalizados com antecipação, eles podem não acontecer na mesma ordem ou proporção, mas ainda assim, deixar de externar esse possível cenário é furta-se dos prováveis acontecimentos e de seus impactos para os produtores. Fiquem alerta.