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PLANO AGRÍCOLA E PECUÁRIO

MAIS CRÉDITO RURAL A JUROS LIVRES

 

O AJUSTE fiscal no orçamento da União chegou com força no campo. O grande sinal veio com o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2015/16. O governo federal contraiu o dinheiro e aumentou a taxa de juros para o crédito rural. A tomada de decisão sobre a quantidade e o custo dos recursos financeiros exigirá cuidado especial por parte dos agentes das cadeias produtivas.

Muita atenção é necessária para interpretar a subida no montante do orçamento de R$ 156,1 bilhões para R$ 187,7 bilhões entre as safras 2014/15 e 2015/16. Para investimento, houve uma queda nominal no volume de recursos, enquanto, para custeio, houve um aumento nominal, mas queda em termos reais (descontada a inflação do período), em comparação à safra anterior.

No crédito para custeio, o total de recursos passou para R$ 147,5 bilhões, valor 31,7% maior, em termos nominais, do que o da temporada passada. Chama a atenção o grande incremento, de 130,4%, das verbas destinadas ao agricultor a taxas livres de mercado, captadas por meio da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). O custo deste dinheiro, que varia de cliente para cliente, poderá ultrapassar 18% ao ano.

A correção dos recursos para custeio a taxas de juros controladas – inferiores às praticadas pelo mercado financeiro – não acompanhou o índice de inflação de 2014, de 6,41%; muito menos cobre o aumento médio estimado de 15% nos custos de produção. Como as despesas diretas da safra 2014/15 de grãos são estimadas entre R$ 110 bilhões e R$ 120 bilhões, seria necessário mais R$ 15,5 bilhões a R$ 25,5 bilhões para cobrir o inchaço dos gastos. Pelas cifras apresentadas, para manter a área plantada no tamanho e com a mesma tecnologia do ano passado, os produtores terão de utilizar recursos próprios ou realizar empréstimos maiores a taxas livres de mercado.

Desta forma, para financiar os custos da produção, a tendência será de tomada de crédito com mix entre as taxas controladas do crédito rural de custeio e as livres de mercado. Nesse caso, o custo médio poderá chegar a 15% ao ano. Como a inflação, prevista em 8,79% para o ano fiscal de 2015, deve recuar para um valor próximo a 6,5% no ano-safra 2015/16 (julho a junho), em decorrência dos ajustes que estão sendo executados pelo Governo, a taxa de juros real deverá ser de 8,0% ao ano, na média. Com os juros neste nível, o produtor deve evitar tomar crédito a taxas livres e, se possível, optar apenas pelo crédito a taxas de juros controladas, com taxa real mais baixa.

Investimentos financeiros de renda fixa vinculados à Selic (taxa de juros referencial da economia brasileira), atualmente, remuneram a uma taxa líquida de aproximadamente 10,5% ao ano. Nessa situação, o produtor que tiver alguma reserva deve manter seu dinheiro investido no banco e tomar o crédito a taxas de juros controladas, o que é mais barato, entre 7,75% e 8,75% ao ano – esta é a definição do conceito de “custo de oportunidade”. O crédito a taxas livres de mercado deve ser considerado em último caso, quando: em primeiro lugar, o crédito controlado disponível não for suficiente; e, em segundo lugar, não possuir recursos próprios para aplicar na produção.

http://www.agroanalysis.com.br/materia_detalhe.php?idMateria=1971

 

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