A 15ª. Semana Arrozeira de Alegrete abriu na noite desta terça-feira, no Parque de Exposiçoes Lauro Dornelles, com pronunciamentos, homenagens in memoriam a dois destacados lavoureiros do município e a esperada palestra do professor Luiz Carlos Molion, meteorologista da Universidade Federal de Alagoas com suas previsões sobre o clima que geram sempre repercussão no mundo do agro e dos pesquisadores.
Como debatedor estava Gilberto Pilecco, uma importante liderança do Agro RS e referência em estudos do impacto do clima e mercado na formação de preços.
Sob o título Perspectivas para 2024 e Tendencias para os próximos dez anos, o palestrante, que já esteve na edição do ano passado da Semana Arrozeira, foi apresentado pelo mediador Gilberto Pilecco. Molion, num preambulo, disse que não vinha somente para a palestra, mas para rever os amigos e que falar de clima é algo sempre muito complicado. Vamos ter o fenomeno La Nina? deixou a pergunta no ar . E contestou o que afirmam ambientalistas atribuindo aos agricultores o fato dos rios secarem.
“A maior parte do Brasil ficou com chuvas abaixo da média com excessão do Rio Grande do Sul que teve excesso de chuvas , situação semelhante ao que aconteceu no final dos anos 60 e início da década de 70. Utilizando-se de gráficos, o professor Molion fez a leitura dos números e explicou como se formam os fenômenos El Niño e La Niña devido as correntes de ventos no oceano”.
Mostrou uma animação das águas subsuperficiais no mapa sugerindo que não haverá o fenômeno La Niña clássico.E descartou, com isso, a ocorrência de seca no Rio Grande do Sul. Mas que o friozinho que está ocorrendo atualmente, ele vai persistir , inclusive com ocorrência de geadas.
AS PREVISÕES NÃO CONFIÁVEIS
O professor Molion, no decorrer de sua palestra, alertou os produtores sobre as previsões não confiáveis que não passam de programas de computador, observou. “Essas previsões que aparecem nos aplicativos não servem para nada, tudo é lixo, fulminou. São modelos que não têm a capacidade de produzir uma previsão de clima muito confiável.É alarmismo. E tranquilizou os produtores mais uma vez que não vai ter La Niña e que não se preocupem com a seca que possa ocorrer no Estado”.
Quanto à previsão do clima, “só se tivermos uma bola de cristal, brincou Molion. Segundo ele, prever o clima é missão impossível, ninguém no mundo acerta”, disparou.
Sobre a situação de Alegrete, usando dados e médias anteriores, não deu boa notícia, “pois haverá 30 por cento de redução das chuvas até junho do ano que vem. Mas que para o plantio de arroz alagado e milho irrigado, essas lavouras serão beneficiadas pela pouca chuva e terá sol, por conseguinte, mais fotossíntese. Mas alertou: previsão é previsão, se houver mudança de cenário, o Sindicato Rural será informado e estará repassando aos produtores”.
O pesquisador, em sua palestra, rechaçou que o homem possa estar interferindo nas mudanças climáticas quando apenas 6 por cento da superfície do planeta é manipulada pelo homem contra 70 por cento de água.Citando pesquisador russo disse que a cada 60 anos há mudança no clima.
Molion afirmou que há grande probabilidade de, entre 2034 e 2035 ocorrer um ligeiro resfriamento nos Estados Unidos, Europa, Argentina, Uruguai e no Rio Grande do Sul. Com isso é de se esperar um clima mais frio enquanto que no restante do Brasil será mais seco com redução de chuvas.
O QUE VEM POR AÍ
Resumiu o palestrante em suas previsões que haverá boa chance de geadas tardias em agosto e setembro e temperaturas mais baixas na primavera. E descartou que as cheias no Estado tenham sido em razão de mudanças climáticas.
O clima varia por causas naturais e eventos extremos sempre ocorreram, não é privilégio nosso, citando exemplos de ocorrências na Europa. De uma maneira geral, apontou que a culpa é dos administradores que não dão atenção para a prevenção.
ABERTURA E HOMENAGENS
O espaço destinado a palestras da 15ª. Semana Arrozeira de Alegrete esteve superlotado na cerimônia de abertura realizada na noite desta terça-feira. O presidente Gustavo Thompson Flores agradeceu as presenças, o apoio dos patrocinadores e de sua diretoria, da equipe da Panela Campeira e de todos.
“Serão quatro dias de debate com a participação de painelistas abordando temas relevantes e o foco norteador da Semana Arrozeira sobre desafios e oportunidades. Que todos aproveitem esse momento produtivo e enriquecedor”, concluiu.
O presidente do Sindicato Rural de Alegrete, Luiz Plastina Gomes, lembrou que “é o terceiro ano do evento no Parque de Exposições e que ele não saia mais daqui, reforçou. Um evento que está tendo crescimento visível, disse. Não deixou de lembrar do episódio da importação de arroz, pós desastre das chuvas. Teríamos uma importação sem cabimento algum”, frisou.
Plastina parabenizou a direção da Associação dos Arrozeiros pela escolha do tema e fez referência ao nome dos produtores Onir e Joacir e a merecida homenagem da noite.
O prefeito Márcio Amaral encerrou as falas fazendo alusão aos produtores homenageados, às empresas que patrocinam e a importância do trabalho dos agricultores. Márcio atentou para o fato de que a Semana Arrozeira chama a atenção do Rio Grande do Sul e do Brasil e isso é uma responsabilidade muito grande. Não deixou de citar o trabalho dos deputados na questão da importação de arroz que foi finalmente cancelada. Citou o fato de Alegrete ter pelo segundo ano consecutivo registrado o maior PIB agrícola, sendo um desafio nosso enquanto gestores, afirmou.
Encerrou colocando-se à disposição: contem sempre com a Prefeitura. Estamos terminando nosso mandato mas conscientes de que tornamos o município mais competitivo, completou.
Produtores homenageados
Na abertura da Semana Arrozeira, foram prestadas homenagens in memoriam aos produtores Joacir Parcianello e Onir Pedro Pozzebom, que deixaram este plano no ano passado. Na entrega de distinção aos familiares, foi dito que “Joacir, um exemplo de empreendedorismo, dedicação, trabalho, de história de vida. E sua grande contribuição à classe arrozeira. Sua paixão pelo trabalho sempre servirá de inspiração para todos.Joacir partiu aos 50 anos, cheio de planos, no auge de sua potencialidade”.
A homenagem a Onir Pedro Pozzebom, o reconhecimento por sua atuação como produtor, pessoa dedicada a sua família e ao trabalho. O ‘Marajá’ como era carinhosamente chamado pelos amigos. Onir, amigo leal e generoso, sempre com um sorriso, fonte de força. Palavras gravadas no quadro de recordação entregue à família.