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Plantio de arroz está atrasado no Rio Grande do Sul

Fronteira-Oeste, Campanha e Depressão Central são as regiões mais prejudicadas

Assim como o trigo, o plantio de arroz vem sofrendo com a alta umidade que se abate sobre determinadas regiões do Rio Grande do Sul. Até o fim da semana passada, apenas cerca de 15% da área total havia sido semeada, uma diferença de oito pontos percentuais a menos em relação à média dos últimos anos. As dificuldades são observadas, principalmente, na Fronteira-Oeste, na Campanha e na Depressão Central. Do centro para leste, por outro lado, a entrada das máquinas nas lavouras está sendo favorecida pelo tempo mais seco.

A intenção dos produtores é realizar o cultivo dentro da janela preferencial, que se estende até a primeira semana de novembro, garantindo, dessa forma, o aproveitamento da radiação solar em dezembro, na fase de floração e enchimento do grão. Cumpridos os prazos em questão, a expectativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é de uma safra de 8,3 milhões de toneladas, tendo em vista uma área plantada de pouco mais de 1,1 milhão hectares e produtividade média de 7,5 mil quilos por hectare.

Atualmente, de acordo com o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz), Henrique Dornelles, 40% do solo sequer foi preparado para a semeadura. Ou seja, quase metade da área ainda precisa passar por duas intervenções em um curto período de tempo. “Os produtores estão preocupados, e temos previsão de entrada de uma frente fria. Com isso, o solo estará em condições ideais somente depois do dia 20 de outubro. Ou seja, os próximos vinte dias serão determinantes. A situação é desafiadora, mas existe tempo para uma retomada”, afirma Dornelles.

Para o diretor técnico do Irga, Rui Ragagnin, embora as precipitações estejam acima da média em outubro, basta um período entre seis e oito dias de tempo seco nas próximas semanas e a mecanização garantirá o plantio. “Se tudo ocorrer normalmente, 80% da área estará semeada até a o início de novembro e alcançaremos a produtividade estimada”, confia. Ragagnin ressalta ainda a previsão de radiação favorável na segunda quinzena de dezembro, o que pode garantir resultados positivos em produção.

O cenário é mais tranquilo na Zona Sul e Região Metropolitana, onde está localizada, por exemplo, a propriedade de Carlos Spiller. O produtor finalizou 50% do plantio em uma área total de 1,4 mil hectares e pretende completar o trabalho até o fim deste mês. “Talvez apenas uns 5% fique para novembro”, projeta. Além do clima favorável da região, Spiller atribui o bom desempenho ao sistema pré-germinado. “É um sistema que tem nos trazido uma segurança maior independente do clima e que consome praticamente metade de água em comparação com o sequeiro”, comemora. A sua expectativa, por fim, é obter uma produtividade de 150 sacos por hectare, totalizando 200 mil sacas.

Dólar alto beneficia exportação

A expectativa dos produtores é de que a comercialização do arroz se mantenha estável na safra, com o preço no patamar de R$ 36,00. Além disso, as exportações devem ganhar novo estímulo com o dólar em alta. De acordo com o diretor técnico do Irga, Rui Ragagnin, as vendas para o exterior podem chegar a 1,5 milhões de toneladas no ciclo de 2014.

A avaliação do presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, caminha no mesmo sentido. Além de países da América Central e da África, o arroz brasileiro está sendo cotado por novos mercados, entre eles Iraque, Cuba e Turquia. “O dólar alto dará um novo gás às exportações. Aliado a isso, estamos recebendo uma nova onda de demandas”, explica Dornelles.

A internacionalização do arroz gaúcho deve seguir nos próximos anos a partir da proposta de consolidação de um complexo logístico para exportação do grão a granel e ensacado em Rio Grande. Durante a Expointer, um relatório sobre o terminal arrozeiro de Rio Grande foi entregue ao governo do Estado, e foi lançado o edital do Terminal Retroportuário da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) em Capão do Leão.

 

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